Impedimento físico versus deficiência

O debate

Muitas pessoas que têm DIIC dizem que querem ser deficientes. Muitas outras dizem que não querem ser deficientes, apenas querem ter um impedimento físico. Eu concordo que que ambos não são necessariamente contraditórios.

O curioso é que a grande maioria dos transabled desejam ter um impedimento físico, mas não uma “deficiência”. Isto é, querem ser paraplégicos, amputados, surdos, etc, mas não querem perder sua independência, apesar de terem um impedimento físico.

Qual é a diferença?

Um impedimento físico é uma condição isolada, e por si só é um estado neutro. Já a deficiência tem origem no fato de tentar interagir com uma sociedade não-acessível. Ser incapaz de ouvir é um impedimento físico; ser incapaz de se comunicar porque as pessoas se recusam a usar a linguagem dos sinais ou se comunicar por notas escritas denota uma deficiência. Ser incapaz de andar é um impedimento físico; ser incapaz de entrar num edifício porque as portas são muito estreitas para a sua cadeira de rodas é uma deficiência.

O que denota deficiência? A falta de eficiência. O que é eficiência? É a capacidade de se produzir um efeito desejado, de suprir necessidades. Então a questão é: quem é mais deficiente? Uma pessoa com necessidades diferentes ou uma sociedade inapta para receber a todos por igual?  

Definições de deficiência

Esse conceito de impedimento vs. deficiência deriva do que é citado na Definição Social de Deficiência, em oposição a Definição Médica de Deficiência.

Diferenças básicas das definições:

Definição Social Definição Médica

Deficiência é uma diferença.

Deficiência é uma anormalidade.

Ser deficiente, em si, é algo natural.

Ser deficiente é algo negativo.

Deficiência deriva-se da da interação entre o indivíduo e a sociedade (ou a falta de interação, nesse caso).

A deficiência advém do indivíduo.

A solução para a deficiência é uma simples mudança na interação entre o indivíduo e sociedade.

A solução para a deficiência é a cura ou normalização do indivíduo.

O agente inibidor da deficiência pode ser qualquer coisa que ajude na relação entre o indivíduo e a sociedade.  

O agente inibidor da deficiência é o profissional médico.

As diferenças em se tratando de deficiência e impedimento físico em ambas as definições são muito marcantes. Elas nos afetam em vários aspectos da vida, principalmente no que se trata de como percebemos a nós mesmos.  

E o que isso importa?

Em qualquer discussão, é importante que todos os lados tentem compreender todos os conceitos.

Além disso, esta mudança na percepção pode ser importante para definir como os transabled se relacionam na comunidade médica. Já que a possibilidade de DIIC ser uma doença mental não é aceita por algumas pessoas dessa comunidade, é um conceito interessante a se examinar.

Vamos concordar (mesmo que por um momento) que DIIC seguramente é uma doença  mental. Isso torna essa condição uma deficiência (ou dano psicológico, como preferirem). Vamos considerar: Se a solução está em ter algum impedimento físico, ao invés de em procurar ajuda médica, então, os transabled sabem qual a solução para seu problema. Para muitos de nós, uma cirurgia é o que acreditamos que pode nos curar.

O melhor seria que fizéssemos exames com um profissional que compreendesse e aceitasse a definição social em vez da definição médica, e nós poderíamos ser elevados a um patamar que possibilite um tratamento.Tradução da página “http://biid-info.org/Impairment_vs._Disability

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Desordem da Identidade e Integridade Corporal – DIIC

Body Integrity Identity Disorder (ou DIIC, em português) é uma condição caracterizada pela necessidade de oprimir alguma função de seu corpo para ‘ajustá-lo’ com a sua auto-imagem.

Essa auto-imagem inclui um dano físico (alguns conhecem por deficiência*), geralmente uma amputação, ou paralisia, surdez, cegueira ou quaisquer que sejam os danos.

Em outras palavras, pessoas que têm DIIC não se sentem completas a menos que apresentem uma dessas condições, ditas ‘deficiências’.

O termo Desordem da Identidade e Integridade Corporal, ou DIIC, foi proposto pelo Dr. First em 2000, para substituir o termo apotemnophilia, criado anteriormente. Dr. First criou esse termo pondo em foco pessoas que têm como alvo as amputações, mas chegou à conclusão de que essa definição deveria ser expandida.A maior parte das pessoas que têm DIIC normalmente reportam memórias relacionadas a esse transtorno na infância, geralmente com idade anterior aos 5 anos.

A ‘escolha’ de um dano

Verdade seja dita, as pessoas que têm DIIC não escolhem qual dano físico desejam ter. Elas não acordam pela manhã e pensam “Hoje eu quero ser um amputado” ou então “Eu acho que seria divertido ser paraplégico hoje”. Para a maioria dessas pessoas, essa idéia de auto-imagem ocorre antes mesmo de ela vir a entender o que é ter um dano físico.    

*Dano físico, deficiência e afins

Há controvérsias sobre o conceito de ‘dano físico’ e ‘deficiência’ entre as pessoas que sofrem de DIIC, em particular os amputados, dizem que não precisam de um dano físico, nem de uma deficiência. Essa complexa definição está registrada no próximo post.

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